Portugal 3-1 República Checa (1 golo e 1 assistência Ronaldo!)
E de repente Portugal descobriu que no futebol há outra equipa a jogar. E por isso sofreu. E teve de lutar. E voltou a ser melhor, acabando o jogo com mais uma vitória e um novo final em apoteose. Foi como se, desde o último sábado, os adeptos portugueses vivessem nas nuvens, com a ilusão de que a Selecção só teria Turquias pela frente. Pois bem, o vitória sobre a Rep. Checa (3-1) representa um duro e gratificante regresso à terra.
Perante uma República Checa transfigurada pela ausência de Koller e pela súbita vontade de arriscar, Portugal passou por dificuldades tremendas durante a primeira parte, a partir do momento em que o golo de Sionko (17 m), após um canto, anulou os frutos da persistência de Deco (8 m). Mas foi capaz de sair do sufoco, redescobrir-se forte e sair por cima de um teste incomparavelmente mais exigente do que o anterior. Um excelente sintoma para as dificuldades crescentes que, sem dúvida, aguardam a equipa nos próximos jogos da competição, agora que a segunda fase está tão perto.
Em Genève, a Selecção teve um interruptor chamado Deco. Quando o número 20 pegou no jogo, Portugal brilhou. Quando sumiu, naquele inquietante período após o empate checo, a equipa pareceu às escuras, num labirinto de insegurança e camisolas vermelhas. Tal como contra a Turquia, foi Pepe o primeiro a apontar o caminho da saída. Não com um golo, desta vez, mas com a segurança e personalidade que fazem dele, para já, o central mais impressionante deste Europeu.
Foi ele, ajudado pela serenidade de Paulo Ferreira, a anular as tremideiras dos companheiros (com Bosingwa à cabeça) e a dar a almofada de confiança que permitiu à selecção aproximar-se novamente da área de Cech, nos minutos finais da primeira parte, que anunciavam as alegrias que estavam para chegar.
Deco, que cometeu a proeza de encaixar 15 minutos péssimos em 75 sublimes, voltou a empunhar a batuta. E, como por magia, os espaços apareceram. Nuno Gomes (53 e 55 minutos) deu os primeiros avisos, Simão (aos 58) ainda permitiu a Cech mostrar por que razão é um dos melhores guarda-redes do Mundo. O golo libertador adivinhava-se, se bem que Baros (62 m) ainda pregasse um derradeiro susto, após mais um canto problemático.
Mas Portugal estava outra vez bem, solto, confiante. Faltava um ingrediente para completar o banquete. Tinha o número 7 nas costas e, durante largos minutos, fora o espelho da frustração, face à dupla, às vezes tripla marcação dos checos. Cristiano Ronaldo estivera no lance do primeiro golo, mas a partir daí, à excepção de dois remates de longe, andara a bater com a cabeça no muro. Aos 63 minutos, porém, Moutinho teve uma abertura luminosa para a direita, Deco deu-lhe sequência com um passe rasteiro para a grande entrada em cena de CR7: o tiraço rasteiro bateu Cech. E Portugal deitava, finalmente, para trás das costas as inquietações provocadas pelos checos: a partir daí nada de mal poderia acontecer.
Ricardo ainda brilhou perante uma cabeçada de Sionko. As substituições de Scolari responderam bem à entrada da artilharia pesada dos checos, com Meira a completar nos minutos finais a tarde intransponível de Pepe e Quaresma e Hugo Almeida, mais frescos, capazes de explorar o contra-ataque a que a equipa passava a recorrer.
Como contra a Turquia, o final em apoteose chegou nos descontos, com um golo vindo do banco. Deco foi rápido a marcar um livre e, enquanto os checos pensavam na vida, Ronaldo foi por ali fora, encarou Cech e, com Quaresma ao lado, mostrou que a obsessão pelo reconhecimento do seu talento não o torna cego. O golo do número 17 foi o epílogo perfeito para uma equipa que, guiada pelos seus dois naturalizados, mostrou o que ainda faltava ver: além do talento, Portugal trouxe para a Suíça a solidez dos grandes.
em: maiseuro2008.iol.pt
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